‘Fibermaxxing’: moda de exagerar nas fibras ganha força no TikTok e preocupa especialistas

  • 09/12/2025
(Foto: Reprodução)
Redução no consumo de feijão mostra menor ingestão de ferro e fibras, aponta nutricionista Os consumidores dos Estados Unidos que já se acostumaram a ver proteína adicionada a praticamente tudo — de cereais a sorvetes — estão prestes a conhecer a nova obsessão alimentar: a fibra. Depois de anos priorizando alimentos “proteicos”, os americanos agora voltam as atenções a esse nutriente, e o número de produtos com alto teor de fibra disparou em 2025, segundo dados da consultoria de mercado Mintel. Centenas de vídeos nas redes sociais exaltam os benefícios da fibra e compartilham receitas para “turbinar” a ingestão diária. A moda ganhou até nome próprio: “fibermaxxing”, termo usado para descrever quem tenta atingir — ou ultrapassar — a recomendação diária de consumo. “Acho que a fibra será a nova proteína”, disse o CEO da PepsiCo, Ramon Laguarta, em teleconferência com investidores. “Os consumidores estão começando a entender que é disso que o corpo precisa.” O que é a fibra e por que ela é importante Diferentemente da proteína, a fibra não é glamourosa. Ela é um tipo de carboidrato vegetal que o corpo não digere, mas que alimenta as bactérias do intestino e ajuda a mover os alimentos pelo sistema digestivo. “Não é algo sobre o qual as pessoas falem em um jantar”, brinca Debbie Petitpain, nutricionista da Academy of Nutrition and Dietetics. Existem dois tipos principais: Fibra solúvel, que se dissolve na água e forma um gel que alimenta as bactérias intestinais (presente em aveia, feijão, maçã e cenoura); Fibra insolúvel, que não se dissolve e ajuda o trânsito intestinal (encontrada em trigo integral, pipoca, nozes e batatas). Pesquisas mostram que a fibra reduz o colesterol, controla o açúcar no sangue e favorece o emagrecimento, pois aumenta a sensação de saciedade. Também pode proteger contra doenças cardíacas, diabetes tipo 2, diverticulite e câncer de cólon, segundo a Associação Americana do Coração. Petitpain afirma que o aumento no uso de medicamentos para emagrecer à base de GLP-1, que retardam a digestão, pode ter impulsionado o interesse pelas fibras — que ajudam a evitar a constipação. Barras de cereais ricas em fibras estão expostas em uma prateleira de um supermercado Kroger, em Ann Arbor, Michigan, na terça-feira, 18 de novembro de 2025. AP/Dee-Ann Durbin Quanto de fibra devemos consumir De acordo com o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), adultos devem ingerir cerca de 14 gramas de fibra a cada 1.000 calorias — o equivalente a 25 g por dia para mulheres e 38 g para homens. Mas a média real é bem menor: os americanos consomem apenas dois terços da quantidade ideal, segundo Petitpain. Para referência: 1 xícara de framboesas tem 8 g de fibra; 1 banana tem 3,2 g; ½ abacate, 5 g; 1 xícara de feijão-lima, 13,2 g; e ⅔ de xícara de cereal de farelo (Fiber One), 18 g. Caixas de cereais ricos em fibras estão em uma prateleira de um supermercado Kroger, em Ann Arbor, Michigan. AP/Dee-Ann Durbin Como aumentar o consumo de forma saudável O nutricionista Sander Kersten, diretor de Ciências Nutricionais da Universidade Cornell, relembra que os benefícios comprovados da fibra vêm de alimentos integrais, e não de produtos ultraprocessados “enriquecidos” artificialmente. “O modo como a fibra é consumida — como aditivo em uma dieta pobre ou em alimentos naturalmente ricos em fibra — pode fazer diferença”, diz Kersten. “Você pode ter uma dieta industrializada e enriquecida, mas não sabemos se isso traz o mesmo efeito benéfico.” Segundo a Clínica Mayo, boas estratégias incluem: escolher cereais com 5 g ou mais de fibra por porção; trocar farinha branca por farinha integral em receitas; priorizar grãos integrais (arroz integral, quinoa, macarrão de trigo integral); e comer ao menos cinco porções de frutas e vegetais por dia. Caixas de cereais enriquecidos com fibras estão à venda em um supermercado Kroger, em Ann Arbor, Michigan. AP/Dee-Ann Durbin Riscos do “fibermaxxing” Embora não exista um limite máximo oficial, aumentar demais a ingestão de fibras pode causar gases, inchaço e cólicas, especialmente se a mudança for repentina. “Você está alimentando bactérias intestinais -- e depende delas. Se oferecer o triplo do que estão acostumadas, elas não dão conta”, explica Petitpain. Pessoas com alergias alimentares ou intolerâncias ao glúten, à soja, ao psyllium ou a frutos do mar devem redobrar a atenção, já que muitos alimentos com “fibra adicionada” contêm esses ingredientes. Para Kersten, a moda do “fibermaxxing” é mais um exemplo de como o público tende a se fixar em um único nutriente — o que raramente leva a uma alimentação equilibrada. “Nós não comemos nutrientes, comemos alimentos”, resume. “O ideal é buscar uma dieta saudável, rica em frutas, verduras e grãos integrais — não apenas alimentos com uma palavra mágica no rótulo.”

FONTE: https://g1.globo.com/saude/noticia/2025/12/09/fibermaxxing-moda-de-exagerar-nas-fibras-ganha-forca-no-tiktok-e-preocupa-especialistas.ghtml


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