Fotógrafa que morreu após procedimento estético no interior de SP foi informada que não havia riscos, diz denúncia do MP

  • 09/05/2025
(Foto: Reprodução)
Segundo o MP, não foram realizados exames de saúde prévios na paciente e foi comprovada falta de qualificação e permissão legal das profissionais que realizaram o procedimento. MP denuncia três por morte de paciente após procedimento estético em Cosmópolis A fotógrafa que morreu após um procedimento estético, em Cosmópolis (SP), em outubro de 2023, foi informada que não havia riscos e não foram solicitados exames de saúde prévios, segundo denúncia oferecida à Justiça pelo Ministério Público. Três profissionais viraram réus pela morte da paciente. LEIA MAIS: VÍDEO: câmera mostra vítima chegando a clínica e sendo resgatada Laudo aponta que demora no atendimento foi decisiva para morte de fotógrafa Roberta tinha 44 anos e era fotógrafa especializada em registrar casamentos 'Pior semana da minha vida', diz filho de fotógrafa Roberta Correa passou mal depois de receber anestesia para a realização de um procedimento conhecido como endolaser, para remover gordura localizada, e não resistiu. "Nenhuma informação foi dada à vítima acerca de eventuais riscos, tampouco foi solicitada a prévia realização de qualquer exame de saúde. Pelo contrário, a vítima foi induzida em erro ao ser equivocadamente informada que o procedimento não apresentava qualquer risco", diz trecho da denúncia, assinada pela promotora Aline Moraes. 📲 Receba no WhatsApp notícias da região de Piracicaba Vanusa Aguilar Takata e Isabela Dourado Fernandes, biomédica e esteticista que realizaram o procedimento, foram denunciadas por homicídio doloso duplamente qualificado, com dolo eventual. "Vanusa, biomédica, atuou conjuntamente e com unidade de desígnios com a esteticista Isabella, que também falsamente dizia ser biomédica em redes sociais, a quem teria pago o valor de R$ 500,00 para que acompanhasse os procedimentos estéticos do dia. Certo é que Vanuza permitiu que Isabella efetuasse procedimento invasivo, de aplicação de anestesia local na vítima, com plena consciência de que ela não possuía qualificação ou habilitação para tanto", traz outro trecho da acusação. A promotora afirma que uma série de irregularidades foram constatadas no caso: "As denunciadas realizaram ato privativo de médico em local inadequado, sem materiais básicos de pronto-socorro, não tinham técnica, não realizaram anamnese, não tomaram precauções imprescindíveis, não utilizaram a dosagem adequada do anestésico, e como se não bastasse, ao final, omitiram-se quando da ocorrência da emergência, acabando assim por matar a vítima, que, se socorrida prontamente, poderia ter o caso desfecho diverso", elenca. Fotógrafa Roberta Correa morreu depois de dar entrada em uma clínica de Cosmópolis para fazer procedimento estético Arquivo Pessoal Dentista vendeu anestésico ilegalmente, diz MP Já o dentista Heliton José Oliveira é apontado como quem forneceu o anestésico às profissionais. "O dentista foi denunciado como partícipe do crime de homicídio porque ele concorre de algum modo para a ocorrência da morte. Qual é o modo? A venda de anestésico, e a venda é ilegal, porque como a Vanusa e Isabela não podiam comprar diretamente o anestésico, ele revendia, fornecia esses anestésicos. Então, também assume o risco de que seja usado de uma maneira descontrolada, como na verdade foi", acrescenta a promotora. Fotógrafa é socorrida em clínica após passar mal durante procedimento estético Reprodução Pedido de prisão A Promotoria também pediu que os passaportes das profissionais sejam retidos e que elas sejam proibidas de exercer suas profissões. "Isso é muito importante porque a ação delas gerou a morte da Roberta. Então, a primeira medida cautelar é a proibição de que exerçam a função de biomédica e de esteticista, caso a Isabela realmente seja, porque a informação não está comprovada nos autos [...] E os passaportes, como medida cautelar do juízo, também devem ser entregues para permitir a aplicação da lei penal", explica Aline Moraes. A promotora revela que Isabela continua atuando e, por isso, pediu sua prisão preventiva. "O Instagram dela é aberto, é público, e ela realiza o procedimento endolaser, o qual ela não pode realizar. Ela realiza procedimentos invasivos de todo tipo, de modo que o Ministério Público pediu a prisão preventiva dela, a qual, no momento, ainda não foi decretada. Mas há pedido pois o Ministério Público entende que é o caso", completa. Clínica onde Roberta Correa foi atendida fica no Spazio Di Bellezza Estevam, em Cosmópolis Reprodução/EPTV Socorro teria salvo vítima, dizem médicos A promotora afirma que faltou assistência adequada à vítima. "O que chama mais atenção no laudo é o fato de não ter havido um pronto-socorro. Os médicos são uníssonos em afirmar que o socorro teria salvo a vida da Roberta, mas as duas, que anestesiam e se dispõem a fazer aquele tipo de procedimento, deveriam ter noção básica de primeiros socorros, e não tinham. Tanto que elas se limitaram a segurar Roberta, prolongando o sofrimento da Roberta, que o Ministério Público entende como meio cruel na execução do homicídio", apontou. Fotógrafa Roberta Correa morreu depois de dar entrada em uma clínica de Cosmópolis para fazer procedimento estético Redes Sociais Tipo de anestésico não esclarecido A representante do Ministério Público ainda explicou que não ficou esclarecido qual anestésico foi utilizado. "Como no início não era claro o que tinha acontecido e a causa da morte, não foi verificada quantidade de anestésico no corpo da Roberta. A Isabela e a Vanusa afirmam que era um tipo de anestésico, porém, no consultório foram encontradas amostras de um tipo mais tóxico. E, na nota fiscal que o dentista acabou por fornecer, havia os dois tipos. Então, nós não sabemos nem qual anestésico foi aplicado e nem a quantidade, que muito provavelmente foi excessiva". Vanuza chega para prestar depoimento à Polícia Civil em Cosmópolis Gustavo Biano/ EPTV O que dizem as defesas A defesa de Vanusa considerou a denúncia desproporcional e incoerente. Disse que Vanuza agiu dentro das regras da biomedicina no procedimento e que prestou os primeiros socorros de maneira adequada e rapidamente, além de solicitar imediatamente socorro médico. Já a defesa da Isabela Dourado disse, também em nota, que a inocência dela será oportunamente demonstrada, já que ela de modo algum agiu com dolo, ainda que eventual, pois de modo algum assumiu qualquer risco quanto à produção do resultado morte. Acrescentou que lamenta profundamente a morte de Roberta e que a profissional colaborou desde os primeiros momentos com todos os atos de investigação. A EPTV, afiliada da TV Globo, não conseguiu contato com a defesa do dentista até a última atualização desta reportagem. Esteticista chega para prestar depoimento em Cosmópolis Júnia Vasconcelos/ EPTV Entenda a cronologia do caso Roberta Correa procurou clínica para fazer um endolaser, técnica para remover gordura localizada, mas passou mal e morreu. Uma prima da vítima disse que, depois da anestesia, Roberta começou a sentir um calafrio, desmaiou e teve uma parada cardíaca. Ela foi socorrida e levada para a Santa Casa da cidade, onde foi constatado que tinha tido ocorrido uma parada cardíaca. Cinco dias depois, teve morte cerebral. Roberta era fotógrafa, trabalhava com comunicação e produção musical. Era conhecida na cidade e deixa dois filhos e o marido. A clínica fica a cerca de 350 metros da Santa Casa de Misericórdia de Cosmópolis e a família diz que a biomédica demorou para pedir o resgate. O local foi lacrado após constatação de que não tinha autorização para realizar o procedimento estético. A Polícia Civil instaurou inquérito e o Conselho Regional de Biomedicina da 1ª Região (CRBM1) também iniciou apuração do caso. A responsável pelo imóvel onde ocorreu atendimento afirma que aluga ele para profissionais de beleza, incluindo a clínica, e que cada um é responsável por sua prestação de serviço. VÍDEOS: tudo sobre Piracicaba e região Veja mais notícias sobre Piracicaba e região.

FONTE: https://g1.globo.com/sp/piracicaba-regiao/noticia/2025/05/09/fotografa-que-morreu-apos-procedimento-estetico-no-interior-de-sp-foi-informada-que-nao-havia-riscos-diz-denuncia-do-mp.ghtml


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