Passageiros reclamam de nova paralisação de ônibus em Manaus
Passageiros enfrentaram dificuldades a manhã desta sexta-feira (12), após uma nova paralisação de ônibus no Centro de Manaus. O movimento, iniciado por volta das 9h, após os rodoviários interditarem as avenidas Leonardo Malcher, Getúlio Vargas e Sete de Setembro em protesto contra o atraso no pagamento dos salários de agosto.
📲 Participe do canal do g1 AM no WhatsApp
📱Baixe o app do g1 para ver notícias do AM em tempo real e de graça
Dona Sara, usuária do transporte público, disse que a população está sendo prejudicada.
"Criança esperando em casa, pai de família, jovem que saiu da escola e a gente aqui, sem ônibus. Quem não tem dinheiro para Uber fica sem opção. Isso é um absurdo para a população", afirmou.
Otávio contou que estava indo para a barreira, localizada na BR-174, quando ficou preso no protesto. "Isso prejudica toda a cidade. A gente não tem culpa dessa situação" disse.
Já a dona de casa Maria afirmou que estava a caminho do bairro Mutirão criticou o atraso nos pagamentos.
"Quem tem que resolver é o governo, que precisa pagar o que deve", declarou.
Ônibus depredado
Durante a paralisação, a Rede Amazônica registrou imagens de um ônibus da empresa Vegas depredado na Avenida Leonardo Malcher. No local, veículos ficaram parados e passageiros precisaram descer para seguir a pé até o Terminal de Integração.
A comerciante Edilene de Aquino, que trabalha em uma banca no Terminal Central, contou que precisou caminhar após descer de um ônibus da linha 640.
"A gente vai ter que andar. Vim do bairro Alvorada e estou indo trabalhar no terminal" contou.
Outra passageira, que seguia para a igreja, relatou que precisou caminhar. "Eu estou indo para a igreja, mas termina 10h30. Estou indo a pé pra ver até onde aguento" disse.
Paralisação e negociação
Na quinta-feira, os trabalhadores iniciaram a paralisação por volta das 13h com um protesto em frente à sede do Governo do Amazonas. Em seguida, todos os ônibus do transporte coletivo foram recolhidos para as garagens, onde permaneceram até por volta das 20h, quando voltaram a circular normalmente.
Vídeos obtidos pela Rede Amazônica mostram veículos da empresa Eucatur retornando à garagem na Zona Norte, enquanto passageiros foram obrigados a descer no meio do trajeto. Superlotação também foi registrada no Terminal 1 (T1), no Centro da cidade.
No início da tarde, motoristas estacionaram ônibus em frente à sede do Governo do Amazonas, na Avenida Brasil, bairro Compensa, em protesto pelo atraso no pagamento dos salários.
A categoria cobra o depósito referente ao mês de agosto, que deveria ter sido feito no quinto dia útil, segunda-feira (8), mas até agora não foi realizado.
Em nota, o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Amazonas (Sinetram) afirmou que aguarda a liberação dos valores do passe livre estudantil pelo Governo do Estado para repassar às empresas e quitar os salários atrasados.
Rodoviários recolhem ônibus às garagens e deixam Manaus sem transporte coletivo
LEIA TAMBÉM:
'Absurdo', dizem passageiros obrigados a descer de ônibus durante greve surpresa em Manaus
Greve de ônibus suspende aulas em universidades públicas de Manaus
Leia abaixo as íntegras das notas do Governo do Amazonas e da Prefeitura de Manaus sobre o impasse que provocou a greve dos rodoviários.
O que diz o Governo do Amazonas sobre a greve:
O Governo do Amazonas esclarece que o Estado não possui qualquer responsabilidade pelo atraso no pagamento de salários dos trabalhadores do transporte coletivo de Manaus, não sendo verdadeira a informação de que os direitos trabalhistas desses profissionais estão em atraso por falta de repasse dos respectivos valores.
A relação do Estado com o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Amazonas (Sinetram) é limitada à aquisição de passes estudantis, não cabendo ao Estado responder por obrigações trabalhistas, que são de responsabilidade exclusiva das concessionárias do transporte coletivo e, em última análise, do próprio poder concedente, o Município de Manaus.
Em agosto deste ano, o Estado do Amazonas depositou o valor destinado à compra das meias-passagens estudantis, contudo, o Juízo da 2ª Vara da Fazenda Pública, em 3 de setembro, rejeitou o depósito judicial e determinou a devolução à Fazenda Estadual, após indicação de conta bancária, tendo sido o recurso devolvido apenas nesta quinta-feira (11).
A transferência dos valores para a conta indicada já está em fase de tramitação, e a demora na resolução da questão só pode ser atribuída à desorganização do próprio Sinetram e da Prefeitura de Manaus, que informaram contas bancárias distintas para a realização do pagamento, além da ausência de certidões negativas do Sindicato, atrapalhando o regular processo de liquidação de despesa.
O Governo do Amazonas precisou ingressar na Justiça para assegurar o pagamento do Passe Livre dos alunos da rede estadual de Manaus, após o Sinetram se recusar a receber os valores, alegando que o isso só poderia ser feito caso a Prefeitura de Manaus autorizasse.
Por fim, o Governo do Amazonas reforça o seu respeito com os trabalhadores do transporte rodoviário de Manaus e com o direito ao Passe Livre dos estudantes da rede estadual de ensino e lamenta que inverdades estejam sendo usadas para camuflar problemas administrativos e orçamentários que nada têm a ver com o Poder Executivo Estadual.
O que diz a Prefeitura de Manaus sobre a greve:
A Prefeitura de Manaus, por meio do Instituto Municipal de Mobilidade Urbana (IMMU), esclarece que a paralisação dos rodoviários, nesta quinta-feira, 11/9, não foi provocada por débitos da gestão municipal. Todos os pagamentos de responsabilidade da prefeitura estão quitados até setembro.
O repasse de subsídios, tanto estadual quanto municipal, é essencial para manter o equilíbrio financeiro do sistema e permitir que as empresas honrem seus compromissos, inclusive trabalhistas.
Para assegurar a continuidade do serviço e evitar prejuízos à população, o IMMU oficiou a Procuradoria-Geral do Estado (PGE), solicitando que os valores referentes ao transporte dos estudantes da rede estadual, atualmente em processo judicial, sejam repassados diretamente ao Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Amazonas (Sinetram).
Ônibus tem janela depredada durante greve dos rodoviários em ManausFONTE: https://g1.globo.com/am/amazonas/noticia/2025/09/12/passageiros-reclamam-de-nova-paralisacao-de-onibus-em-manaus.ghtml