Região de Campinas já supera feminicídios de 2024 e especialista pede ações para prevenir crimes

  • 12/12/2025
(Foto: Reprodução)
Com 29 casos, região de Campinas supera nº de feminicídios de 2024; 5 foram em dezembro O assassinato de Vanessa dos Santos, morta a facadas pelo ex-companheiro após deixar a filha na escola, em Indaiatuba (SP), ampliou uma triste estatística na região de Campinas: o número de feminicídios em 2025 superou o total de casos registrados em todo o ano anterior. O feminicídio registrado nesta quinta (11) foi o 23º na área de cobertura do g1 Campinas no período, sendo que 11 ocorreram nos últimos três meses. Uma escalada na violência que preocupa quem atua na defesa dos direitos das mulheres. "É todo dia", lamenta a advogada Jaqueline Gachet de Oliveira. Para a especialista, combater o problema exige a adoção de ações relacionadas a comportamento e educação para prevenir crimes, uma vez que "o punitivismo não resolve". "Quando a gente está punindo alguém, é porque a sociedade já falhou. Uma mulher já morreu. A gente precisa se antecipar ao crime. Para isso, precisa de conscientização", defende. Segundo Jaqueline, o trabalho deve ser voltado para educar as novas gerações e para conscientização das atuais gerações sobre o papel da mulher na sociedade. "[Educar] sobre os direitos que nós temos, sobre a nossa liberdade de escolha. E tentar deixar claro que isso não é uma afronta à posição do homem na sociedade. É só a mulher tentando e ocupando os espaços que são dela", afirma. Retrocesso e discurso de ódio A advogada Jaqueline Gachet de Oliveira pontua que a sociedade tem vivido "um retrocesso com relação ao comportamento dos homens para com as mulheres", em especial pela disseminação de posicionamentos ultraconservadores e misóginos nas redes sociais. 🔎 Misoginia é uma atitude caracterizada pelo desprezo e pela violência — psicológica ou física — contra as mulheres, podendo se manifestar em comportamentos de controle e humilhação. "Eu acho que hoje o que a gente precisa é de políticas públicas voltadas para a educação. (...) Essa geração é uma geração que foi construída num momento de transição social. A gente vinha do fim da ditadura, tentando discutir as liberdades, mas, ao mesmo tempo, as gerações anteriores carregam esse machismo estrutural, carregam a misoginia, esse discurso. Com as redes sociais, com o acesso indiscriminado à informação, alguns discursos e alguns posicionamentos fortalecem o machismo e a misoginia", avalia. Para a especialista em defesa dos direitos das mulheres, seria fundamental criminalizar a misoginia, como forma de endurecer o entendimento sobre a violência contra a mulher. "É um comportamento que tem que ser considerado crime antes mesmo da prática da violência em si", explica. Onde ocorreram? Um levantamento nas 31 cidades da área de cobertura do g1 Campinas mostra que 10 delas registraram casos de feminicídio em 2025. A metrópole, com 8 vidas perdidas, é a cidade que concentra o maior número de vítimas. Campinas (8) Mogi Guaçu (5) Hortolândia (3) Americana, Artur Nogueira, Indaiatuba, Itapira, Monte Mor, Paulínia e Serra Negra (1) Em 2024, Campinas também concentrou a maioria dos 22 casos registrados em nove municípios, com nove vítimas. As demais foram em Americana (3), Indaiatuba (3), Sumaré (3), Artur Nogueira (1), Holambra (1), Jaguariúna (1), Paulínia (1) e Socorro (1). Entre 15 a 74 anos As vítimas de feminicídio na região de Campinas em 2025 tinham entre 15 e 74 anos. Em pelo menos 13 dos casos, as mulheres foram assassinadas dentro de casa - assim como Vanessa, atacada pelo ex-companheiro ao voltar para casa após deixar a filha de 4 anos na escola. Segundo o irmão da vítima, o agressor, de 46 anos, não aceitava o fim do relacionamento. LEIA TAMBÉM Homem esfaqueou ex-companheira após ela deixar filha do casal na escola em Indaiatuba Homem mata mulher a facadas no Jardim São Marcos, em Campinas Homem armado invade casa da ex-namorada e mata os pais dela para se vingar, diz Polícia Civil Grávida de oito meses é morta pelo companheiro em Campinas Mulheres vítimas de feminicídio na região de Campinas em 2025: número de casos já superou o total de 2024 Reprodução Sem julgamentos A advogada Jaqueline Gachet alerta sobre a importância da compreensão do cidadão com relação à mulher que deixa de denunciar, uma vez que ela pode estar com medo, receito, ou mesmo ainda não conseguiu sair do ciclo de violência ao qual está inserida. "E se ela não conseguiu, o que ela precisa é de acolhimento dos familiares, dos parentes, vizinhos, amigos. Ela não precisa de julgamento, de dedos apontados. Ela não precisa ser ignorada", enfatiza. Um comportamento comum aos agressores, explica a especialista, é isolar a vítima. Nessas horas, "a rede de apoio precisa entender a necessidade de estar por perto", mesmo que ainda não seja o momento daquela mulher sair do relacionamento e procurar ajuda, mas que o isolamento reforça a situação de violência. Desafios em Campinas Para a especialista em direitos das mulheres, embora Campinas possua uma rede de apoio às vítimas de violência, ela está focada na região central, "desamparando quem mora em regiões periféricas". "Se uma mulher não tem condição financeira de chegar até o centro para procurar auxílio, por exemplo, na Casa da Mulher Campineira, ela já se sente desamparada antes mesmo de fazer uma denúncia de violência. A cidade precisa expandir essa rede de proteção, precisa se lembrar que nós temos mulheres de todos os tipos, de todas as classes sociais, de todas as condições. Não dá para ignorar que temos realidades diferentes", enfatiza Jaqueline. Questionada, a Secretaria Municipal de Políticas para as Mulheres de Campinas defendeu, em nota, que está em articulação com a Secretaria de Saúde para ampliar os atendimentos do Centro de Referência e Apoio à Mulher (Ceamo) em postos de áreas mapeadas com maior número de notificações, além de implementar ações de conscientização nas escolas. Veja a nota na íntegra: "A Prefeitura de Campinas trabalha com o compromisso de promover equidade e levar nossos serviços onde as pessoas mais precisam. Estamos em articulação com a Secretaria de Saúde para ampliar os atendimentos do Ceamo em postos já mapeados a partir do boletim do Sisnov, priorizando os locais com maior número de notificações. Também estamos fortalecendo a integração com hospitais da rede pública e privada para garantir assistência adequada às mulheres vítimas de violência e ampliar a divulgação da rede de apoio disponível no município. Além disso, seguimos em diálogo com a Secretaria de Educação para implementar ações de prevenção e conscientização à violência de gênero nas escolas, com atenção especial aos meninos, que precisam ser incluídos desde cedo nesse debate. Os homens também farão parte desse processo. Neste primeiro momento, estamos realizando encontros internos com servidores e grupos de discussão voltados ao público masculino. Em 2026, esses grupos serão abertos à sociedade. Faremos um chamamento público para que todos os homens interessados possam participar. As atividades serão conduzidas por um assistente social especializado, que trabalha diretamente a temática da violência com esse público. O enfrentamento à violência contra a mulher exige a participação de toda a sociedade e estamos avançando de forma integrada, responsável e contínua para garantir proteção, conscientização e mudança cultural." Denúncias e acolhimento Denúncias de violência contra a mulher podem ser feitas pelo telefone 190, da Polícia Militar, ou pelo 180, na Central de Atendimento à Mulher. Ainda é possível solicitar informações e apoio à Guarda Municipal pelo 153. Para atendimento presencial, a vítima pode recorrer às delegacias do município. A 1ª Delegacia da Mulher (DDM) de Campinas está localizada na Av. Dr. Antônio Carlos Sáles Júnior, 310, no Jardim Proença I. O horário de funcionamento é das 9h às 17h. Já a 2ª DDM, que fica aberta 24h por dia, está localizada na Rua Ferdinando Panattoni, 590, no Jardim Pauliceia. Acolhimento, proteção e denúncia: conheça rede de apoio a mulheres vítimas de violência em Campinas Entre os serviços de acolhimento disponíveis pela prefeitura estão: Casa da Mulher Campineira: oferece apoio psicossocial, orientação jurídica e auxílio na busca por emprego e moradia. Abrigos Sara-M e Santa Clara: espaços seguros para mulheres vítimas de violência ou em situação de rua. Ceamo: Centro especializado em acolhimento e escuta no enfrentamento à violência de gênero. Programa Guarda Amigo da Mulher (Gama), da Guarda Municipal: faz o acompanhamento de mulheres vítimas de violência que têm medida protetiva contra o agressor. Botão SOS Gama: aplicativo que permite à vítima acionar a Guarda em situações de risco. O sistema usa georreferenciamento para identificar a localização em tempo real e notificar a viatura mais próxima. Sala Lilás: instalada na base da Guarda Municipal para acolhimento de vítimas de violência. Fachada da 1ª Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) em Campinas Daniel Mafra/EPTV VÍDEOS: tudo sobre Campinas e região Veja mais notícias sobre a região no g1 Campinas

FONTE: https://g1.globo.com/sp/campinas-regiao/noticia/2025/12/12/regiao-de-campinas-ja-supera-feminicidios-de-2024-e-especialista-pede-acoes-para-prevenir-crimes.ghtml


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